Vou plantar um pé de poema
já esterquei a cova
fiz desova com minha pena
já arregacei os baldes da manga
fiz descarrego das veias
assim planto esse pé de poema no canteiro do agora
crivo nos cravos dos olhos teus
Bordarei sem palavras esses teus umbigos
adejarei borboletas
além da barriga desta aldeia
Já reguei das bilhas
borrifei as calhas com água benta
nas asas do verso o ácido da placenta
a terra bebe o córrego
fio d'água escorre tua eternidade!